domingo, 21 de fevereiro de 2010

Diz-se que grande número de cristãos foram mortos durante a perseguição romana no primeiro século da Era Comum. Então, como é possível que milhares de pessoas, neste século, tenham sido chamadas para se tornar parte do corpo de Cristo composto apenas de 144.000?


Existem indícios históricos de que muitos cristãos foram ferreamente perseguidos e até mesmo mortos, nos primeiros séculos. No entanto, é preciso lembrar que a morte de mártir, em si mesma, não concede à pessoa mérito perante Jeová Deus, nem lhe garante ser membro do seu reino celestial. Muitos, até mesmo em tempos recentes, estiveram dispostos a morrer por motivos religiosos ou outros. Afirmar alguém ser cristão e até mesmo morrer por sua crença não significa em si mesmo que ele é servo aprovado de Jeová Deus. Conforme o apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios: “Se eu der todos os meus bens para aumentar os outros, e se eu entregar o meu corpo, para jactar-me, mas não tiver amor, de nada me aproveita.” (1 Cor. 13:3) Não é a morte, mas a fidelidade até a morte, que determina se alguém há de receber “a coroa da vida”. — Rev. 2:10.

Assim, haver hoje ainda um restante dos 144.000 na terra indicaria que até este século vinte menos de 144.000 terminaram sua carreira terrestre em fidelidade.

Embora alguns talvez estejam inclinados a pensar que certamente devem ter estado envolvidas mais pessoas mesmo já nos primeiros séculos da Era Comum, falta inteiramente qualquer prova real neste sentido. Atualmente, é impossível até mesmo só saber-se quantos foram mortos, muito menos ainda quantos permaneceram fiéis até a morte. “Temos praticamente apenas poucos fatos em que nos basear”, escreve Frederick John Foakes-Jackson no livro History of Christianity in the Light of Modern Knowledge (História do Cristianismo à Luz do Conhecimento Moderno). Ele declara adicionalmente: “O testemunho sobre a perseguição de Nero é registrado por dois historiadores romanos, Tácito e Suetônio, que ambos eram muito jovens quando ela ocorreu, e eles escreveram na vida madura. Não há nenhum documento contemporâneo cristão que a descreva, embora talvez se faça alusão a ela no livro de Revelação . . . . Tertuliano, no fim do segundo século, é a nossa autoridade que diz que Nero e Domiciano, porque foram os dois piores imperadores nos primeiros séculos, perseguiram os cristãos.” No início do terceiro século E. C., Orígenes, (escritor e instrutor cristão) observou: “De vez em quando tem havido alguns, facilmente contados, que morreram pela religião cristã.”

Muita coisa escrita sobre os mártires cristãos foi embelezada pela tradição e por isso não é fidedigna. Por exemplo, o martírio de Policarpo, no segundo século E. C., é descrito na obra Fox’s Book of Martyrs (Livro de Mártires de Fox) do seguinte modo: “Ele foi . . . amarrado a uma estaca, e incendiaram-se os feixes com que foi cercado, mas quando ficou tão quente que os soldados se viram obrigados a retirar-se, ele continuou a orar e a cantar louvores a Deus, por muito tempo. As chamas ardiam com grande violência, mas ainda assim seu corpo não foi consumido e brilhava como ouro brunido. Diz-se também que um cieiro agradável, como o de mirra, se elevava do fogo, o que espantou tanto os espectadores, que muitos se converteram ao cristianismo por causa disso. Seus executores, achando impossível matá-lo com o fogo, mergulharam uma lança no seu lado, do qual saiu sangue em tal quantidade que extinguiu a chama. Seu cadáver foi então reduzido a cinzas, por ordem do procônsul, para que os seus seguidores não o tornassem objeto de adoração.”

Não importa qual tenha sido a fonte de informações de Fox, é evidente que pouco desta narrativa é realmente histórico. Todavia, se a alusão à adoração dos restos de Policarpo deve ser considerada como indicação da existência da adoração de relíquias entre os professos cristãos do segundo século E. C., isto seria evidência adicional de que muitos daquele tempo não eram adoradores fiéis de Jeová Deus. Os cristãos estão sob a ordem de ‘adorar a Deus’, não relíquias. (Rev. 19:10) De fato, os idolatras encontram-se entre os mencionados especificamente nas Escrituras como inaptos para herdar o Reino. — 1 Cor. 6:9, 10.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Visto que não era a estação dos figos, por que amaldiçoou Jesus uma figueira que não tinha frutos, conforme se relata em Marcos 11:13, 14?

O dia em que Jesus viu esta figueira era o 10 de nisã (28 de março) do ano 33 E. C. No caso das figueiras daquela região, os botões para a primeira safra de frutos da estação aparecem por volta de fevereiro, nos ramos que cresceram na estação anterior, ao passo que as folhas só aparecem em fins de abril ou em maio. Até a árvore estar cheia de folhas, ela já deve ter frutos maduros. Uma vez que a figueira vista por Jesus tinha folhas extraordinariamente cedo, ele podia esperar que tivesse frutos temporãos para comer. Não ter a figueira frutos indicava que não era produtiva. Sua aparência era enganosa.
Jesus amaldiçoou a árvore, fazendo-a secar-se. Por quê? Só por causa de sua aparência enganosa? Evidentemente, o ato de Jesus tinha por objetivo algo mais vital. Tratava-se realmente duma lição prática para seus discípulos. Isto ficamos sabendo da última parte da narrativa, em que Pedro disse: “Rabi, eis que se secou a figueira que amaldiçoaste.” E Jesus respondeu: “Tende fé em Deus. . . . Todas as coisas pelas quais orais e que pedis, tende fé que praticamente já as recebestes, e as tereis.” (Mar. 11:20-22, 24) Foi a fé que Jesus tinha em Deus que tornou a sua maldição efetiva.
Além disso, a própria figueira podia muito bem representar a antiga nação judaica, que parecia ser frutífera, em vista de sua relação pactuada com Jeová Deus, e por causa da ostentação de justiça própria dos líderes religiosos judaicos. (Mat. 6:5; 23:25-28) Entretanto, a nação havia deixado de produzir bons frutos para a glória de Deus. Rejeitou a Jesus Cristo, aquele a quem Deus enviara e revelara ser o Filho de Deus, por seus milagres e pelo seu ensino. Mas, por que rejeitou a nação a Jesus? Por falta de fé na Palavra de Deus. (Luc. 13:5-9) Por conseguinte, a nação impenitente e sem fé devia secar-se e morrer de modo bem semelhante à figueira improdutiva. — Mat. 21:43.
Nós podemos hoje tirar proveito da lição ensinada pela maldição da figueira por Jesus. Perdermos a fé na capacidade de Deus de responder às orações de seus servos e de recompensar os que seriamente o buscam, levaria à nossa rejeição e a sermos amaldiçoados como figueiras infrutíferas. (João 15:2-6; Heb. 6:7, 8) A Palavra de Deus nos diz: “Sem fé é impossível agradar-lhe [a Deus] bem, pois aquele que se aproxima de Deus tem de crer que ele existe e que se torna o recompensador dos que seriamente o buscam.” — Heb. 11:6.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Será que Deus leva crianças para o céu para ser tornarem anjos?

Quando uma criança morre, os amigos dos familiares enlutados talvez tentem consolá-los, dizendo: “Deus precisava de outro anjo no céu”. Isso faz sentido?
Se fosse verdade que Deus causa a morte de crianças porque precisa de mais anjos no céu, isso significa que ele é insensível, até mesmo cruel. A Bíblia diz o contrário disso. (Jó 34: 10) Um pai compassivo não tiraria um filho de seus pais só para aumentar sua própria família. No entanto, nenhum pai humano tem mais compaixão do que DEUS, cuja qualidade predominante é o amor. (1 João 4: 8) Seu grande amor nunca permitiria que ele agisse de forma tão cruel.
Pergunte-se: ‘Deus precisa de mais anjos no céu?’ A Bíblia diz que todas as ações de Deus são boas e perfeitas. (Deuteronômio 32: 4) Seu trabalho de criar diretamente milhões de anjos foi perfeito, e não havia carência deles. ( Daniel 7: 10) Será que Deus de alguma forma calculou mal o números de anjos que precisava?  Impossível! Com certeza, O Deus Todo-Poderoso nunca cometeria um erro desses. É verdade que Deus Todo-poderoso Jeová escolheu alguns humanos para se tornar criaturas espirituais e fazer parte de seu Reino Celestial, mas esses não seriam crianças pequenas quando morressem – Revelação (Apocalipse) 5: 9, 10.
Outro motivo de Deus não levar crianças da Terra para se tornarem anjos no céu é que isso não está em harmonia com o seu propósito original para elas. No jardim do Éden, Deus disse a Adão e Eva: “Sede fecundos e tornai-vos muitos, e enchei a terra, e sujeitai-a” (Genêsis 1: 28) Os filhos são um presente de Deus, essenciais para o cumprimento de seu propósito original de encher a Terra com uma família humana justa. Nunca se fez parte de seu propósito que as crianças morressem e então fossem transformados em criaturas espirituais. A Bíblia afirma que os filhos são uma “herança da parte de Deus”. (Salmos 127:  3)  Será que Deus Todo-Poderoso pegaria de volta um presente que deu aos pais? – Claro que não!
A morte de uma criança causa grande tristeza, dor e sofrimento. Mas que dizer então das milhares de crianças que já morreram neste sistema de coisas?  Veja João 5: 28,29 onde Deus ressuscitará de volta milhares de milhares para de novo terem a oportunidade de usufruir a vida aqui mesmo na Terra,  onde encontrarão uma Terra totalmente paradísica.



Assim sendo, as crianças que morreram não são anjos no céu, mas estão aguardando essa ressureição prometida por Deus no seu devido tempo.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Tanto Jeremias 25:33 como Ezequiel 39:12 se referem nos mortos no Armagedom, mas um texto diz que os mortos não serão enterrados, ao passo que o outro diz que serão. Como se podem harmonizar estes dois textos?


Jeremias 25:33 diz: “E os mortos por DEUS certamente virão a estar naquele dia de uma extremidade da terra até à outra extremidade da terra. Não serão lamentados, nem serão recolhidos ou enterrados. Tornar-se-ão como estrume sobre a superfície do solo.” Os mortos por Jeová não serão recolhidos pelos sobreviventes do Armagedom para receberem um enterro formal ou um serviço fúnebre acompanhado de luto ou lamento. Não haverá lápides comemorativas para assinalar o lugar onde jazem seus restos ou para simbolizar alguma esperança de ressurreição para eles. Sua existência anterior não é guardada na memória de DEUS para ele os ressuscitar dentre os mortos, nem serão estes ímpios mortos lembrados com lamentação respeitosa por parte dos servos de Jeová, que sobreviverão à batalha do Armagedom. Seus ossos serão limpos por aves e animais selváticos que por tanto tempo foram maltratados pelos homens ímpios. — Eze. 39:4, 17-20; Rev. 19:17-21.

Todavia, os sobreviventes do Armagedom não deixarão que a terra fique cheia de ossos branqueados, mas os enterrarão para limpar a terra, conforme diz Ezequiel 39:12: “E os da casa de Israel terão de enterrá-los com o fim de purificar a terra, por sete meses.” A Lei Mosaica declarava impuro por sete dias todo aquele que tocasse num cadáver, e a terra também ficaria poluída por tais restos. Ficar um criminoso executado exposto constituía aviltamento do solo, e a lei exigia seu enterro, para se evitar isso. (Núm. 19:11; Deu. 21:23) Tofete, no Vale de Hinom, foi aviltado por se tornar depósito de lixo e lugar onde se lançavam cadáveres. (2 Reis 23:10) Portanto, com o tempo, será preciso enterrar os ossos dos mortos no Armagedom, mas apenas para purificar o solo, não para recordação da sua existência, nem para indicar alguma esperança de ressurreição.

sábado, 13 de fevereiro de 2010


Isto faz parte da conhecida ‘oração-modelo’ de Jesus. Depois de instar com seus discípulos para orarem em prol do perdão, Cristo concluiu a oração: “E não nos leves à tentação, mas livra-nos do iníquo.” — Mat. 6:12, 13; Luc. 11:4.
Alguns se perguntaram se isto significa que, a menos que alguém peça a Deus que não o faça, Deus vai tentá-lo a pecar? Mas isto não pode ser de modo algum assim, pois Deus Todo-Poderoso, inspirou o meio-irmão de Jesus, Tiago, a escrever: “Quando posto à prova, ninguém diga: ‘Estou sendo provado por Deus.’ Não; pois, por coisas más, Deus não pode ser provado, nem prova ele a alguém.” (Tia. 1:13) As palavras de Jesus precisam ser compreendidas à luz deste versículo e em harmonia com ele.
A experiência de Adão e Eva ilustra o que Cristo quis dizer. Deus permitiu que comessem à vontade de “toda árvore de aspecto desejável e boa para alimento”. Todavia, não deviam comer da árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau. — Gên. 2:9, 16, 17.
Isto, de fato, foi uma prova para eles. No entanto, não era um mal destinado a prejudicá-los. Deus não era assim como os inimigos religiosos de Cristo, que planejaram submetê-lo à prova para enlaçá-lo e assim ter uma desculpa para o matarem. (Mat. 22:15-18; Mar. 11:18; 12:13; João 11:53) Por meio desta prova simples a que submeteu Adão e Eva, Jeová podia determinar o que eles realmente eram, se eles como pessoas de livre arbítrio queriam deveras obedecer e servir seu Criador.
Mas note o que Deus fez de bom: Para ajudar a Adão e Eva a evitar o erro, de fato, para ‘não os levar à tentação’, Ele explicou que a desobediência seria errada e levaria à morte. Por certo, advertir alguém contra o mal não significa tentá-lo com ele. Não foi o Diabo quem tentou o primeiro casal? Ele viu a oportunidade de tentá-los a ultrapassarem os limites que Deus fixara para eles. Sua descrição falsa do resultado de comerem da árvore criou um desejo errado, que por sua vez levou ao pecado. — Gên. 3:1-6; Tia. 1:14, 15.
Assim como fez com Adão e Eva, Deus ‘não leva à tentação’ os cristãos hoje em dia quando nos avisa contra as coisas más e nos aconselha sobre o resultado se participarmos em tais coisas. Somos assim ajudados a evitar a tentação de fazer algo de errado.
Por exemplo, Deus Todo-Poderoso "Jeová" nos diz claramente que o adultério é um pecado e deve ser evitado. (Êxo. 20:14; Rom. 13:9, 10) Trata-se dum aviso, para que não sejamos ignorantes quanto ao que é errado. Também, ele declara quais os resultados se o cristão praticar o que é errado; macularia o leito marital, sendo julgado adversamente e não herdando o Reino. (Heb. 13:4; 1 Cor. 6:9, 10) É evidente que DEUS não tenta os cristãos a praticarem o adultério. Ao contrário, observe o conselho esplêndido dado em 1 Coríntios 7:5. Aos casados, que por consentimento mútuo talvez se abstenham por um tempo das relações maritais, foi dado o conselho de que deviam ‘ajuntar-se novamente, a fim de que Satanás não os tente’ a praticar o adultério. A tentação não viria da parte de Deus, quem os alertou e avisou de antemão, mas da parte de Satanás, por meio da operação do desejo errado.
De modo similar, em 1 Timóteo 6:9, 10, DEUS adverte que o amor ao dinheiro é perigoso e que pode levar a toda sorte de coisas prejudiciais. E ele declara que o resultado deste amor e da determinação de ser rico pode incluir ser desencaminhado da fé e sofrer muitas dores. Por isso somos avisados sobre o que é errado e informados do dano que pode resultar se cairmos nesta tentação. — 2 Cor. 2:11.
Quem ora para não ser levado à tentação obriga-se a fazer o melhor que pode para evitar as tentações. Isto inclui evitar pensamentos que criariam desejos errados, bem como situações em que é provável que surjam tentações. Precisa também deixar que Jeová o fortaleça, por estudar a Palavra de Deus para poder distinguir o que é bom do que é mau.
Por conseguinte, as palavras de Jesus: “Não nos leves à tentação”, não significam que Deus nos tente ou nos leve a situações que nos tentam com o mal, e que por isso é necessário pedir que Ele não o faça. Antes, constitui um pedido para que Deus não nos deixe ignorantes quanto às coisas más que podem ser uma tentação, mas que ele nos avise e fortaleça para que possamos evitar a tentação e suportá-la.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O que quer dizer a Bíblia quando diz, em Gênesis 6:6, que “DEUS deplorou ter feito os homens na terra”?


Quando Deus disse: “Vou obliterar da superfície do solo os homens que criei, . . . porque deveras deploro tê-los feito”, o que quis dizer com isso? (Gên. 6:7) Deplorava ele que havia criado o homem em primeiro lugar, e que tudo era um terrível engano? De modo algum! Se tivesse pensado isso, teria obliterado toda a humanidade. Sua deploração se aplicava apenas à geração iníqua antes do Dilúvio, pois lemos logo depois: “Mas Noé achou favor aos olhos de Jeová.” — Gên. 6:8.
É evidente que a idéia é que Jeová Deus mudara de atitude mental: Mudara da atitude de Formador ou Criador dos homens para a de destruidor deles, por causa do seu forte desagrado. Para ilustrar isso: Certo pai talvez dê ao seu filho um automóvel, mas se o filho o usar mal, entrar em dificuldades por causa da velocidade e assim por diante, o pai talvez deplore isso e tire o automóvel do filho. Mudou de idéia, mas não necessariamente cometera um engano. O filho é quem cometeu o engano e fez o que era errado. O filho poderia ter mostrado apreço e assim dado alegria ao pai por usar o automóvel de modo sábio.
E o mesmo se dá com a humanidade. Se Adão e Eva tivessem adotado o proceder sábio, o coração de Jeová se teria alegrado. Mas, visto que adotaram um proceder iníquo, Deus não tinha prazer neles; deplorava isso e se via obrigado a tirar-lhes a vida. O mesmo se dava também com a geração iníqua que vivia no tempo do Dilúvio. Deus mudou de atitude para com eles. De fato, era absolutamente imperativo que fizesse isso, por causa do que acontecera. Sentia lástima de que envolvesse uma grande destruição de vida, contudo, se via obrigado a agir para manter as suas normas.
Esta deploração da parte de Jeová Deus age em dois sentidos, conforme mostra a Bíblia. Se as suas criaturas falham no propósito que tem para com elas, ele o deplora e elas incorrem na sua ira. Mas quando Jeová se propõe punir algumas de suas criaturas por causa de seu proceder errado e elas deveras o lamentam, se arrependem de seus pecados e ainda não atingiram o ponto sem retorno, então Jeová mudará de atitude mental para com elas e lhes mostrará misericórdia; sentirá lástima. Portanto, em vez de causar aflição ou mais aflição a elas, dar-lhes-á alívio.
Jeová Deus fez isto com os israelitas durante o tempo dos seus juízes: “Jeová deplorava seu gemido por causa dos seus opressores.” (Juí. 2:18) O mesmo aconteceu também no caso do povo de Nínive. Jeová decretara a destruição deles por causa de sua grande iniqüidade. Mas quando se arrependeram sinceramente em vista da pregação de Jonas, Jeová o “deplorou”, mudou de idéia ou atitude mental para com eles, por causa da “calamidade de que falara que lhes ia causar; e ele não a causou”. — Jon. 3:8-10.
Em vista do precedente, como devemos compreender as expressões encontradas nas Escrituras no sentido de que Jeová Deus tem lástima ou deplora algo? — Núm. 23:19; 1 Sam. 15:29; Sal. 110:4.
Elas devem ser compreendidas como se aplicando a certos casos específicos em consideração. Por exemplo, fez-se que Balaão profetizasse que Jeová não ia mudar de idéia, nem ter lástima com respeito à prosperidade que propôs para a nação de Israel, apesar de todos os esforços do Rei Balaque de fazer Balaão amaldiçoar Israel. (Núm. 23:19) Quando o Rei Saul se mostrou infiel, o profeta de Deus lhe disse que Jeová “não terá lástima” ou mudará de idéia quanto a rejeitá-lo. (1 Sam. 15:29) E Jeová Deus jurou no sentido de que não o deploraria nem mudaria de propósito de fazer seu Filho um sacerdote por tempo indefinido, à maneira de Melquisedeque. — Sal. 110:4.
Hoje em dia, como no tempo de Noé, Jeová Deus decretou novamente a destruição dum sistema de coisas. Em vista da grande iniqüidade deste, ele não terá lástima, nem mudará de atitude mental. É o privilégio de todos os seus ministros cristãos dedicados dar o aviso aos amantes da justiça para que se separem deste sistema iníquo de coisas antes de ser tarde demais, recebendo assim a misericórdia de Jeová Deus, assim como no caso de Noé e de sua família. — Sof. 2:3.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

De que modo ‘se juntam brasas sobre a cabeça duma pessoa’ por se ser bondoso com alguém que nos odeia, conforme é declarado em Provérbios 25:21, 22.


Provérbios 25:21, 22 reza: “Se aquele que te odeia tiver fome, dá-lhe pão para comer; e se ele tiver sede, dá-lhe água para beber. Porque juntarás brasas [“brasas ardentes”, CBC] sobre a sua cabeça, e o próprio Jeová te compensará.”
Este conselho de fazermos o bem aos nossos inimigos encontra muitos paralelos nas Escrituras. Neste sentido, a lei de Moisés exigia o seguinte: “Se encontrares o touro do teu inimigo ou seu jumento andando perdido, sem falta lhe deves restituir. Se vires o jumento de alguém que te odeia deitado sob a sua carga, então tens de refrear-te de abandoná-lo. Sem falta deves conseguir soltá-lo junto com ele.” — Êxo. 23:4, 5.
Jesus Cristo admoesta-nos no mesmo sentido: “Continuai a amar os vossos inimigos e a orar pelos: que vos perseguem, para que mostreis ser filhos de vosso Pai que está nos céus.” No mesmo sentido escreveu o apóstolo Paulo: “Persisti em abençoar os que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis.” — Mat. 5:44, 45; Rom. 12:14.
Mas não parecem as palavras de Provérbios 25:22: “juntarás brasas sobre a sua cabeça”, contradizer o espírito expresso no versículo 21? Não, não devemos concluir isto, pois estas palavras não só foram escritas por um homem sábio, mas ele também as escreveu sob o poder da inspiração divina, com a ajuda e a orientação do espírito santo de Jeová. Por isso devem ter sentido.
É provável que a metáfora ou a expressão figurada usada ali se derive dos métodos de se fundirem metais nos tempos antigos. No forno não havia apenas uma camada de brasas acesas sobre as quais se colocava o minério, mas por cima do minério se colocava também uma camada de brasas acesas. Colocarem-se brasas por cima do minério ajudava a amolecê-lo e assim a separar o metal da escória. Portanto, quando se faz um ato bondoso a um inimigo em necessidade, quando é mais provável que o reconheça como tal, pode-se esperar amolecer o inimigo, fazendo-o sentir-se arrependido e envergonhado, e pode ser até mesmo que evidencie as boas qualidades dele.
Que amontoaram-se assim brasas sobre a cabeça dum inimigo não se destinava a ter mau efeito, mas antes um bom, é evidente daquilo que o apóstolo Paulo diz logo depois de citar este provérbio. Suas palavras seguintes são: “Não te deixes vencer pelo mal, porém, persiste em vencer o mal com o bem.” — Rom. 12:20, 21.
Mas, suponhamos que estas brasas figuradas não amoleçam o coração do inimigo; que se faz então? Então se tem o consolo e a satisfação das palavras concludentes de Provérbios 25:22: “E o próprio Jeová te compensará.” Esta promessa, em si mesma, mostra que as “brasas ardentes” não se destinam a prejudicar o inimigo, nem indicam que a pessoa exultaria com o mal-estar do inimigo. Se fizermos o que é nobre e direito, então quer os outros apreciem isto, quer não, e quer tiremos proveito pessoal disso, quer não, direta ou imediatamente, podemos ter a certeza de que Jeová Deus observa isso e nos recompensará no seu tempo devido. E não é a Ele que servimos e que tentamos agradar?

Jeová permitiu a poligamia entre os judeus, mas não entre os cristãos. Mudou a moralidade de Deus?


Não, a moralidade de Deus não mudou. Sempre foi perfeita e ainda o é. Moisés, conhecendo os arranjos maritais que Deus permitia então, sentiu-se induzido a dizer a respeito de Deus Todo-Poderoso Jeová: “Justo e reto é ele.” (Deu. 32:4) Embora Deus permitisse temporariamente um arranjo marital que ele não permite agora sua justiça se evidencia hoje tanto quanto se evidenciava nos dias de Moisés.
Freqüentemente, quando alguém fica sabendo ou lê que no antigo Israel ou entre os patriarcas hebreus se tolerava a poligamia, forma de Deus a noção de que ele é conivente com práticas sexuais dissolutas. Imagina que Jeová tolerou ou incentivou a promiscuidade. Nada poderia estar mais longe da verdade! Ora, um dos Dez Mandamentos proibia ao homem ter relações sexuais com a mulher de outro. E Deus proibiu sob pena de morte o incesto, a bestialidade e a sodomia. — Êxo. 20:14; Lev. 18:6-23.
Precisamos lembrar-nos de que Deus não instituiu a poligamia. O primeiro mencionado na Bíblia como tendo duas esposas é Lameque, descendente jactancioso de Caim. (Gên. 4:19-24) Nenhum praticante da poligamia sobreviveu ao Dilúvio, pois Noé e seus filhos tinham cada um apenas uma esposa. Mais tarde, quando Deus lidou com os patriarcas pós-diluvianos, ainda não havia dado leis extensivas sobre o comportamento humano, inclusive sobre o casamento. Em alguns casos, um homem tomava uma esposa secundária porque a sua esposa era estéril, assim como Abraão fez às instâncias de sua esposa Sara. (Gên. 16:1, 2) No entanto, é digno de nota que em muitos casos, na Bíblia, em que estava envolvida a poligamia, havia infelicidade ou dificuldades, como entre Sara e Agar, entre Ana e Penina, bem como entre as esposas de Salomão. — Gên. 21:9; 1 Sam. 1:1-6; 1 Reis 11:1-6.
Portanto, em vista do fundo histórico da sociedade patriarcal, quando Jeová aceitou os israelitas como seu povo nacional, a poligamia já existia até certo ponto, embora, pelo que parece, a monogamia fosse muito mais comum em toda a história de Israel. Reconhecendo os casamentos polígamos já existentes, Deus estabeleceu leis muito estritas para regular e controlar as coisas. Ao contrário da acusação de que Deus desrespeitou as mulheres e o casamento, ele pôs em vigor uma legislação de elevada moral, para proteger os direitos e os privilégios da esposa original bem como da esposa secundaria e de seus filhos. (Deu. 21:15-17) Por conseguinte, embora Deus não proibisse a poligamia, exortou definitivamente ao amor e ao respeito no casamento, e proibiu a imoralidade sexual. Suas normas de moral eram justas e perfeitas.
Jesus salientou um ponto significativo com respeito ao casamento, em Mateus 19:8, 9. Cristo disse, a respeito de se permitir o divórcio sob a lei que Deus deu por meio de Moisés: “Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos fez a concessão de vos divorciardes de vossas esposas, mas este não foi o caso desde o princípio. Eu vos digo que todo aquele que se divorciar de sua esposa, exceto em razão de fornicação, e se casar com outra, comete adultério.” Evidentemente, assim como se deu com o divórcio, Deus fez a concessão de tolerar a poligamia, mas sujeitou-a a uma regulamentação estrita.
Isto é comparável à permissão das “autoridades superiores”, dos governos mundiais, por Deus. Jeová não os instituiu no princípio. Mas elas existem e ainda não chegou o tempo de Deus para removê-las. Por isso ele orienta os seus servos quanto a como devem comportar-se com relação a este arranjo que permite por um tempo. — Rom. 13:1-7.
Qual é a posição cristã quanto à poligamia? É ela permitida, ou já passou o período em que Deus a permitiu?
Antes de fazer os comentários já citados, Jesus se referiu a Gênesis 2:24, dizendo: “Deixará o homem seu pai e sua mãe, e se apegará à sua esposa, e os dois serão uma só carne.” (Mat. 19:5) Deus dera a Adão apenas uma esposa. A norma era que os DOIS, não três ou quatro, seriam uma só carne. É evidente que Jesus orientou os seus seguidores a voltarem ao modo original de Deus para o casamento humano, o de o homem ter apenas uma esposa viva. O apóstolo Paulo, sob inspiração, mostrou que este é o entendimento correto. Em 1 Coríntios 7:2, ele escreveu: “Tenha cada homem a sua própria esposa e tenha cada mulher o seu próprio marido.” E ele mandou que o servo designado na congregação fosse “marido de uma só esposa”, demonstrando assim a norma para os cristãos. — Tito 1:6; 1 Tim. 3:2, 12.
Deus encerrou assim o período de concessão quanto a este arranjo marital. Ele simplesmente voltou à situação que instituiu no princípio. De modo que não houve mudança na moralidade de Deus — permaneceu perfeita. E Jeová continuou a opor-se à imoralidade sexual. Ele a considerou, de modo coerente, como abominável e merecedora de severa punição. — Gál. 5:19-21; 1 Cor. 5:9-13; 6:9, 10.
Conforme vimos, Jeová, debaixo de ambos os arranjos — quando temporariamente permitiu a poligamia, e sob o sistema cristão, quando exigiu a monogamia — opôs-se à conduta desenfreada e à imoralidade sexual, e estimulou à restrição, ao amor e ao respeito no matrimônio. Moisés falara de Jeová como “justo e reto”. Também Cristo e Paulo se referiram a Jeová como justo. (João 17:25; Rom. 3:26) E nós, hoje, temos boa razão para concordar com eles, sabendo que Deus tem sido coerente e perfeito na moralidade.

"Enquanto ainda não havia espírito" - O que queria dizer Jesus com essas palavras em João 7:39?




Essencialmente, quer dizer que nenhum dos discípulos de Cristo havia ainda sido ungido com espírito santo ou chamado à vida celestial.
Cerca de meio ano antes de sua morte, Jesus disse: “Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem depositar fé em mim, assim como disse a Escritura: ‘Do seu mais íntimo manarão correntes de água viva.’” A narrativa inspirada passa então a dizer: “No entanto, ele disse isso com respeito ao espírito que os que depositavam sua fé nele estavam para receber; pois, por enquanto ainda não havia espírito, porque Jesus ainda não havia sido glorificado.” — João 7:37-39.
É evidente que Jesus não queria dizer que a força ativa ou espírito santo de Deus não existisse até então, na ocasião da festividade dos tabernáculos em 32 E. C. Ele e seus ouvintes sabiam que Deus usava já por muito tempo o seu espírito santo. (Gen. 1:2; 2 Sam. 23:2; Atos 28:25) O espírito de Deus descansara sobre os servos fiéis, tais como Otniel, Jefté e Sansão. (Juí. 3:9, 10; 11:29; 15:14) Mas, havia um modo em que o espírito ainda não fora usado com relação aos homens imperfeitos. Nenhum daqueles servos fiéis fora, por meio do espírito, chamado à vida celestial.
Durante a festividade dos tabernáculos, um sacerdote judaico costumava descer ao reservatório de água de Siloé, em Jerusalém, e levar água num vaso de ouro ao templo. É provável que Jesus se referiu a esta prática quando disse que alguma coisa mais refrescante e importante havia de vir. E aquela futura “água viva” estaria de algum modo ligada com o recebimento do espírito de Deus pelos discípulos.
Na noite antes de Jesus morrer, ele disse aos seus discípulos que lhes enviaria o espírito santo da verdade, que os faria lembrar-se de todas as coisas que lhes havia dito. (João 14:16, 17, 26) Significa isso que então não tinham nada do espírito? Não, pois, por meio do espírito, puderam realizar curas milagrosas ligadas com a sua pregação. (Mat. 10:5-8) E por causa deste espírito compreendiam muitas das coisas espirituais que Jesus ensinava. Mas, visto que não haviam ainda recebido a unção com o espírito, de que Jesus falou em João 7:39, uma parte inteira do seu ensino estava ainda além do alcance deles. Por exemplo, não discerniam que Cristo seria levantado dentre os mortos para a vida espiritual, no terceiro dia, nem que o seu reino seria no céu. (João 20:9; Atos 1:6) Isto é compreensível, pois a idéia de homens se tornarem criaturas espirituais e viverem no céu lhes era alheia. Quando eles mesmos foram ungidos com espírito e receberam a esperança celestial, puderam compreender o significado daquilo que Cristo havia dito sobre tais coisas.
Mesmo quando Jesus apareceu aos seus apóstolos após a sua ressurreição “não havia espírito” no sentido de João 7:39. O ressuscitado Cristo lhes prometeu: “Ao chegar sobre vós o espírito santo, recebereis poder e sereis testemunhas de mim.” (Atos 1:8) Já haviam sido testemunhas de Jesus como sendo o Messias, mas não haviam dado testemunho sobre ele reger no céu como criatura espiritual, junto com companheiros espirituais que antes haviam sido humanos.
Por fim, em Pentecostes de 33 E. C., Jesus derramou sobre os seus seguidores o espírito santo que ele, como espírito glorificado, recebera de Jeová. (Atos 2:4, 33) Esta foi a primeira vez que se deu a humanos imperfeitos a esperança de vida espiritual no céu. Com esta unção, os cristãos puderam compreender o significado das muitas coisas que Jesus lhes dissera. Tinham também uma obra a fazer.
Tais cristãos ungidos haviam de ser “testemunhas” de Jesus em sentido novo. Tinham então o ‘espírito santo, que era penhor antecipado da sua herança’ no céu. (Efé. 1:13, 14) Com a sua pregação a respeito do reino celestial, ‘manavam do seu mais íntimo correntes de água viva’, pois as águas vitalizadoras da verdade que divulgavam podiam conduzir à vida eterna. E a garantia disso não estava longe; a vocação à vida celestial estava disponível mesmo então. Naquele mesmo dia, três mil almas se aproveitaram desta “água viva”, foram batizadas e receberam “a dádiva gratuita do espírito santo”. — Atos 2:38-42.
E Jeová tem continuado a usar tais cristãos ungidos. Por meio deles proveu entendimento dos seus propósitos, inclusive da perspectiva de que homens desta geração, exercendo fé em Cristo, sobrevivam ao fim deste sistema iníquo e vivam para sempre numa terra paradísica. Quão verazes foram as palavras de Jesus em João 7:38, 39 a respeito da unção com espírito santo e a “água viva” que mana por meio dos cristãos chamados à vida no céu!

O que eram os Demônios Caprinos mencionados na Bíblia?


A palavra hebraica sair, significando literalmente “peludo ou hirsuto”, refere-se usualmente a um bode ou cabrito. (Gên. 37:31; Lev. 4:24) No entanto, em quatro textos, os tradutores costumam, em geral, considerar a palavra hebraica como tendo significado além de seu uso comum. — Lev 17:7; 2 Crô. 11:15; Isa. 13:21; 34:14.
Em Levítico 17:7 e 2 Crônicas 11:15, o termo (seirim, no plural) é usado com referência a coisas a que se dá adoração e se oferecem sacrifícios em conexão com a religião falsa. Na Versão dos Setenta grega, a palavra é vertida “coisas sem sentido” e na Vulgata latina, “os demônios”. Tradutores modernos e lexicógrafos muitas vezes adotam o mesmo conceito, traduzindo-a por “demônios”, “sátiros” (Al, ALA, CBC, PIB) ou “demônios caprinos”. — NM; Lexicon in Veteris Testamenti Libros, Hebrew, German and English Lexicon of the Old Testament.
Aparentemente, os israelitas haviam sido influenciados até certo ponto pela adoração falsa praticada no Egito. (Jos. 24:14; Eze. 23:8, 21) Por isso, alguns eruditos acham que Levítico 17:7 e 2 Crônicas 11:15 indicam que existia alguma forma de adoração de bodes entre os israelitas, como havia de modo destacado no Egito. Heródoto afirma que os gregos derivaram deste culto egípcio a sua crença em Pan e nos sátiros, deuses lascivos da floresta, representados com chifres, rabo de bode e pernas de bode.
A Bíblia não diz o que, exatamente, eram tais “peludos ou hirsutos”. O termo não necessariamente indica ídolos em forma de bode, pois o uso de “bodes” pode apenas ser uma expressão de desprezo, assim como a palavra para “ídolo” se deriva dum termo que originalmente significava “bolotas de esterco”. É possível que “peludos” ou “bodes” simplesmente indicasse que, na mente dos que os adoravam, tais deuses falsos eram concebidos como de forma caprina ou peluda na aparência.
O sentido de se’irim em Isaías 13:21 e 34:14 não é tão claro, visto que não se condena ali diretamente a adoração falsa. Descrevendo a ruína desolada em que se tornaria Babilônia, Isaías escreveu: “Ali se hão de deitar os freqüentadores de regiões áridas, e suas casas terão de encher-se de corujões. E ali terão de residir avestruzes, e os próprios demônios caprinos saltitarão por ali.” (Isa. 13:21) É interessante notar que a Versão dos Setenta diz neste caso “demônios”; e em Revelação 18:2, a descrição de Babilônia, a Grande, menciona que ela é moradia de aves impuras e de “demônios”.
Por conseguinte, se se’irim, em Isaías 13:21 e 34:14, há de ser entendido como se referindo a algo além do significado de “bode”, é apropriada a tradução “demônios caprinos”, coerente com a tradução em Levítico 17:7 e 2 Crônicas 11:15.
Isaías pode ter intercalado na sua lista de animais e aves literais uma referência aos demônios, não querendo dizer que se materializariam em forma de bodes, mas que os pagãos em redor de Babilônia e de Edom imaginariam que tais lugares fossem habitados por demônios. A História mostra que o povo da Síria e da Arábia já por muito tempo associava criaturas monstruosas com tais ruínas. E se houve animais hirsutos nas ruínas desoladas de Edom e de Babilônia, os observadores talvez fossem induzidos a pensar em demônios.

Pergunta Respondida - Mateus 6:7


Como se aplica o conselho de Jesus em Mateus 6:7, contra as longas orações repetitórias, às orações privadas e públicas, em vista de algumas das orações extensas registradas na Bíblia?
No Sermão do Monte, Jesus condenou os hipócritas religiosos que “gostam de orar em pé nas sinagogas . . . para serem vistos pelos homens”. (Mat. 6:5) Sua motivação era errada. Suas orações não eram expressões sinceras e humildes. Por isso Cristo aconselhou: “Ao orares, não digas as mesmas coisas vez após vez, assim como fazem os das nações, pois imaginam que serão ouvidos por usarem de muitas palavras.” Ou, “pensam que Deus os ouvirá por causa das suas longas orações”. — Mat. 6:7; Today’s English Version.
Até o tempo em que Jesus veio à terra, os líderes religiosos hipócritas do judaísmo haviam definido toda atitude e todo gesto na oração, e possuíam fórmulas de oração fixas e repetitórias. Com eles, a oração pública havia degenerado em obra de auto-justificação, por meio da qual supostamente se obtinha mérito e se exibia piedade. Esses líderes talvez impressionassem alguns homens volúveis, mas não impressionavam a Deus. Um julgamento mais pesado aguardava aqueles hipócritas com as suas “longas orações”. — Luc. 20:47.
É verdade que algumas das orações corretas nas Escrituras são bastante extensas. Conforme aparece na Bíblia, a oração de Salomão na inauguração do templo pode ter levado perto de dez minutos para proferir. (1 Reis 8:23-53; 2 Crô. 6:14-42) O relato de João sobre a oração que Jesus proferiu na última noite com os seus discípulos ocupa vinte e seis versículos. (João 17:1-26; note também Neemias 9:5-38.) Estas eram orações públicas especiais, oferecidas em ocasiões especiais. Deus ouviu e aprovou a de Salomão e certamente também a de Jesus. (2 Crô. 7:12; João 11:42) E somos gratos de que se registraram estas orações extensas nas Escrituras.
À base dos exemplos de orações aceitáveis na Bíblia, podemos ver que aquilo que Jesus criticou não era especialmente o comprimento da oração, mas o motivo impróprio por detrás das orações longas, repetitórias e ostentosas. Portanto, quando Salomão, Jesus ou outros homens com espiritualidade e equilíbrio pro'as desaprovou.
Não há necessidade nem autorização bíblica para se fazerem regras sobre a extensão das orações públicas ou particulares — elas podem variar.
Às vezes, provações, problemas ou situações especiais podem tornar apropriada uma longa oração, especialmente em particular. No Jardim de Getsêmani, Jesus orou muito. E pouco antes de selecionar os doze apóstolos, “continuou a noite inteira em oração a Deus”. — Luc. 6:12; 22:41-45.
Por outro lado, a Bíblia está cheia de boas orações que foram muito curtas, tratando apenas das questões imediatas. (Nee. 2:4; 1 Reis 18:36, 37; 2 Reis 6:17, 18; João 11:41, 42; Atos 1:24, 25) Embora outros assuntos pudessem ter sido incluídos nos casos mencionados, teriam sido apropriados no momento? Evidentemente os que oravam pensavam que não. E podemos lembrar-nos da brevidade da oração-modelo fornecida por Jesus. — Mat. 6:9-15.
É evidente que se precisa tomar em conta as circunstâncias. Embora Jesus soubesse que não era errado orar a noite inteira, orou ele muito antes de alimentar os quatro mil? A Bíblia diz: “Tomou os sete pães, deu graças, partiu-os e começou a dá-los aos seus discípulos para os servirem.” (Mar. 8:6) De modo similar, hoje, nas reuniões congregacionais, precisa-se tomar em consideração as circunstâncias. Por exemplo, na celebração da Refeição Noturna do Senhor se proferem quatro orações separadas. Se todas elas fossem compridas, seria desnecessariamente desfeito o arranjo ordeiro para o uso do salão e o próprio discurso. Precisa haver equilíbrio e bom juízo.
Em suma, o ponto significativo que devemos aprender dos comentários de Jesus sobre as orações dos líderes religiosos é a importância da motivação e dos pensamentos corretos. O cristão que ora precisa certificar-se de que não estenda a sua oração ao ponto de que os ouvintes pensem que ele é mais “espiritual”. Nem deve usar de linguagem florida para impressionar os outros. A oração ao nosso amoroso Pai celestial é um privilégio maravilhoso, de que nos devemos aproveitar regularmente e com sinceridade e humildade. (Luc. 18:13, 14) Considerado o assunto neste sentido, o comprimento e o assunto das nossas orações, públicas ou privadas, podem ajustar-se à situação e à necessidade.