sexta-feira, 30 de abril de 2010

Qual é o “temor” que o perfeito amor lança fora, conforme diz 1 João 4:18?

O apóstolo João escreve: “No amor não há temor, mas o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor exerce uma restrição. Deveras, quem está em temor não tem sido aperfeiçoado no amor.” — 1 João 4:18.
O temor, neste caso, é o temor que inibe as expressões da pessoa em oração a Deus. O contexto mostra que João estava continuando a sua consideração da “franqueza no falar”. (1 João 4:17) Ele não fala da franqueza no falar na pregação das boas novas, mas da “franqueza do falar para com Deus”. — 1 João 3:19-21; veja Hebreus 10:19-22.
Aquele em quem o amor a Deus obtém plena expressão pode chegar-se com confiança ao seu Pai celestial, sem se sentir ‘condenado no coração’ como se fosse hipócrita ou desaprovado. Sabe que procura sinceramente guardar os mandamentos de Deus, e por isso faz o que agrada a seu Pai. (1 João 3:21, 22) Por isso é franco em expressar-se e fazer petições a Jeová. Não se sente como se estivesse ‘em prova’ diante de Deus, sob alguma restrição quanto ao que tem o privilégio de dizer ou de pedir. (Veja Números 12:10-15; Jó 40:1-5; Lamentações 3:40-44; 1 Pedro 3:7.) Não é inibido por nenhum temor mórbido; não está cônscio de algo ‘desabonador’ contra ele. — Veja Hebreus 10:26, 27, 31.
Assim como a criança não se sente nem um pouco embaraçada ou amedrontada quanto a pedir algo a seus pais amorosos, por estar convencida de que eles sempre se interessam nas suas necessidades e na sua felicidade, assim os cristãos em quem o amor se desenvolveu plenamente têm certeza de que, “não importa o que peçamos segundo a sua vontade, ele nos ouve. Ainda mais, se soubermos que ele nos ouve com respeito àquilo que pedimos, sabemos que havemos de ter as coisas pedidas, visto que as pedimos a ele.” — 1 João 5:14, 15.
Portanto, este amor perfeito não lança fora toda espécie de temor. Não elimina o temor reverente e filial a Deus, originado do profundo respeito pela Sua posição, Seu poder e Sua justiça. (Sal. 111:9, 10; Heb. 11:7) Nem elimina o temor normal que faz a pessoa evitar o perigo, quando possível, e assim proteger a si e a sua vida, nem o temor causado pelo repentino sobressalto. — Veja 2 Coríntios 11:32, 33; Jó 37:1-5; Habacuque 3:16, 18.
O entendimento correto de 1 João 4:18 enriquece muito espiritualmente. Revela quão grandiosa é a relação que o cristão pode usufruir com seu Criador magnífico. Encoraja-nos a falar do coração em nossas orações a Deus, não de modo formal ou mecânico, mas expressando francamente nossos sentimentos, nossas necessidades, nossa preocupação com os outros, nossas esperanças e nosso amor a Ele.



domingo, 18 de abril de 2010

Eram Adão e Eva pessoas reais?

“ADÃO e Eva, Caim e Abel, são figuras mitológicas. Ainda assim, eles viveram. Eles realmente vivem; são nós mesmos.” Assim escreveu o clérigo Per Lønning em seu livro Utenfor Allfarvei (Fora da Estrada). O que este destacado líder religioso da Igreja Estatal da Noruega escreveu é algo que muitos teólogos e clérigos afirmam a respeito do primeiro homem e da primeira mulher mencionados na Bíblia Sagrada.
2 Muitas pessoas não questionam tais afirmações, porque acham que estes líderes religiosos devem saber o que falam. “Afinal de contas”, talvez alguém diga, “esses homens cursarem seminários para estudar a Bíblia!” Entretanto são exatas as suas asserções? Por que tais clérigos fazem tais afirmações? Serão Adão e Eva figuras mitológicas que simbolizam a humanidade, ou eram pessoas reais? As respostas a estas perguntas são importantíssimas porque têm de ver com a fidedignidade da Bíblia como a inspirada Palavra de Deus. Também, têm diretamente que ver com a questão do pecado e da morte, e da provisão de Deus para a salvação humana.
3 Onde poderemos encontrar as respostas para tais perguntas? Ora, bem lá na Bíblia Sagrada! Se se voltar para ela, verificará que Jesus Cristo, o próprio fundador do Cristianismo, não achou que Adão e Eva fossem figuras mitológicas que representavam a humanidade. Mateus 19:4, 5 reza: “Não lestes que aquele que os criou desde o princípio os fez macho e fêmea, e disse: ‘Por esta razão deixará o homem seu pai e sua mãe, e se apegará à sua esposa, e os dois serão uma só carne’?”
4 Note que Jesus proferiu estas palavras aos fariseus, que estavam “decididos a tentá-lo”. Tentavam provar que ele era impostor e um falso profeta. (Mat. 19:3) Bem, será que Jesus se referiria a um mito para corrigir o modo de pensar errado dos inimigos criticamente dispostos? Naturalmente que não! Jesus sabia que Adão e Eva eram pessoas reais. Suas palavras, “Não lestes” se referem ao relato de Gênesis. Evidentemente, os fariseus, também, aceitavam este relato como sendo histórico e tendo peso. Se não fosse assim, teriam questionado a referência que Jesus fez a ele.
5 O Doutor Lucas é um historiador cujos escritos se têm provado exatos até nos mínimos pormenores. Em sua biografia de Jesus Cristo, ele escreveu que ‘pesquisara todas as coisas com exatidão, desde o início’. (Luc. 1:3) Nela, delineou o registro genealógico da linhagem de descendência de Jesus. Em seu registro, este historiador exato incluiu “Adão, filho de Deus”. (Luc. 3:23-38) Pense agora, será que um historiador meticuloso como Lucas usaria uma figura mitológica em uma genealogia compilada para provar que Jesus era o verdadeiro Messias? Se o fizesse, será que alguém aceitaria tal registro genealógico como sendo genuíno? Com efeito, pensaria alguém que seu registro biográfico de Jesus tinha base nos fatos?  Dificilmente!
6 Considere os escritos do apóstolo Paulo, em que ele menciona diversas vezes o primeiro casal humano. Suas referências ao mesmo demonstram que cria serem eles pessoas reais. Por exemplo, quando escreveu a um ministro-presidente sobre o proceder congregacional, pontificou: “Não permito que a mulher ensine ou exerça autoridade sobre o homem, mas que esteja em silêncio. Porque Adão foi formado primeiro, depois Eva.” (1 Tim. 2:12, 13) Se Adão e Eva fossem caracteres mitológicos, então Paulo anulava seu próprio conselho! Nenhuma pessoa sensata levaria a sério a instrução baseada em antigas estórias fantasiosas. Seria como seu patrão lhe mandar fazer algo de certa forma devido a que os personagens mitológicos Woden ou Tor assim o fizeram!
7 Somente por aceitarmos o fato de que Adão e Eva eram pessoas reais podemos entender claramente a razão pela qual a doença, o sofrimento e a morte afligem a humanidade. Paulo mostra isto em Romanos 5:12, escrevendo: “Assim como por intermédio de um só homem [Adão] entrou o pecado no mundo, e a morte por intermédio do pecado, e assim a morte se espalhou a todos os homens, porque todos tinham pecado.”
8 Se Adão e Eva fossem símbolos da humanidade, como alguns clérigos pretendem, como foi que entrou o pecado em toda a humanidade e então se espalhou por toda a humanidade? Pode algo que está inteiramente afligido com alguma coisa “espalhar” tal aflição a si mesmo? Não! Quando algo se espalha, tem de haver um ponto inicial. Assim, o pecado e a morte foram transmitidos a seus descendentes ainda por nascer por meio da conduta errada de Adão e Eva, um casal real de carne e sangue. A pecaminosidade humana e seu acompanhante processo de envelhecimento e morte testificam o fato de que Adão e Eva certa vez viveram.
9 Nem é o relato bíblico sobre Adão e Eva contrário à verdadeira ciência. Os pesquisadores têm concluído que a inteira família humana tem origem comum! Note o que Prof. R. Benedict e o Dr. G. Weltfish afirmam neste respeito em seu livro The Races of Mankind (As Raças da Humanidade): “A história da Bíblia sobre Adão e Eva, pai e mãe de toda a raça humana, dizia há séculos atrás a mesma verdade que a ciência tem revelado hoje: que todos os povos da terra são uma só família e tem origem comum. . . . As raças da humanidade são aquilo que a Bíblia diz que são — irmãs.”
10 Na verdade, podemos aceitar sem reservas ou dúvidas que o relato bíblico em Gênesis sobre Adão e Eva se baseia nos fatos e é autêntico. Por que, então, os clérigos o negam ou lançam dúvidas sobre o mesmo? É porque realmente não crêem na Bíblia, nem a ensinam. Com efeito, muitos deles negam que Deus irá remover para sempre da humanidade todo vestígio do pecado herdado de Adão por meio do sacrifício de resgate de Jesus Cristo. Deixam de falar às pessoas que o tempo de Deus fazer isso está bem próximo. — Rom. 5:18, 19.
11 Atualmente, centenas de milhares de testemunhas de Jeová em todas as partes da terra estão oferecendo-se amorosamente para ajudar a qualquer pessoa que queira entender o que a Bíblia ensina. Muitas pessoas as convidam para ir a suas casas a fim de que suas perguntas bíblicas sejam respondidas, e isto sem nenhuma despesa para elas mesmas. Tire pleno proveito da oferta que elas fazem. Ao assim fazer, virá a avaliar mais cabalmente a exatidão da Bíblia e que futuro maravilhosamente feliz poderá usufruir num paraíso sem pecado e morte, por seguir seus princípios. — Rev. 21:3, 4.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Paixão de Cristo, o que significa?


Refeição Noturna do Senhor
Refeição literal, que celebra a morte do Senhor Jesus Cristo; conseqüentemente, a comemoração da sua morte. Visto ser o único acontecimento que as Escrituras ordenam que seja comemorado pelos cristãos, é também corretamente chamado de Comemoração. Às vezes é chamado de “ceia do Senhor”. — 1Co 11:20, Al.
A instituição da Refeição Noturna do Senhor é relatada por dois apóstolos que foram testemunhas oculares e participantes, a saber, Mateus e João. Marcos e Lucas, embora não estivessem presentes na ocasião, suprem alguns pormenores. Paulo, ao dar instruções à congregação de Corinto, fornece esclarecimento sobre algumas de suas particularidades. Tais fontes nos dizem que, na noite antes de sua morte, Jesus se reuniu com os discípulos numa grande sala de sobrado para celebrar a Páscoa. (Mr 14:14-16) Mateus relata: “Ao continuarem a comer, Jesus tomou um pão, e, depois de proferir uma bênção, partiu-o, e, dando-o aos discípulos, disse: ‘Tomai, comei. Isto significa meu corpo.’ Tomou também um copo, e, tendo dado graças, deu-lho, dizendo: ‘Bebei dele, todos vós; pois isto significa meu “sangue do pacto”, que há de ser derramado em benefício de muitos, para o perdão de pecados. Eu vos digo, porém: Doravante, de modo algum beberei deste produto da videira, até o dia em que o beberei novo, convosco, no reino de meu Pai.’ Por fim, depois de cantarem louvores, saíram para o Monte das Oliveiras.” — Mt 26:17-30; Mr 14:17-26; Lu 22:7-39; Jo 13:1-38; 1Co 10:16-22; 11:20-34.
Ocasião da Sua Instituição. A Páscoa sempre era celebrada em 14 de nisã (abibe), no dia ou perto do dia da lua cheia, uma vez que o primeiro dia de cada mês (mês lunar) do calendário judaico era o dia da lua nova, conforme determinado por observação visual. Portanto, o dia 14 do mês se situaria mais ou menos na metade duma lunação. A data da morte de Jesus é indicada no artigo JESUS CRISTO (Tempo da sua morte) como 14 de nisã de 33 EC. Concernente ao dia da sua morte, segundo o calendário gregoriano, os cálculos astronômicos indicam que houve um eclipse da lua na sexta-feira, 3 de abril de 33 EC. (calendário juliano), que seria sexta-feira, 1.° de abril no calendário gregoriano. (Canon of Eclipses [Cânon de Eclipses] de Oppolzer, traduzido para o inglês por O. Gingerich, 1962, p. 344) Os eclipses da lua sempre ocorrem por ocasião da lua cheia. Esta evidência indica fortemente que 14 de nisã de 33 EC caiu na quinta-feira/sexta-feira, de 31 de março a 1.° de abril de 33 EC, no calendário gregoriano.
Foi na noite anterior à sua morte que Jesus celebrou sua última refeição pascoal, e, depois disso, instituiu a Refeição Noturna do Senhor. Mesmo antes de iniciar a refeição da Comemoração, mandou-se que o traidor Judas saísse, ocasião em que, segundo o relato, “era noite”. (Jo 13:30) Visto que os dias do calendário judaico decorriam da noitinha de um dia até a noitinha do dia seguinte, a Refeição Noturna do Senhor foi também celebrada em 14 de nisã, na noite de quinta-feira, 31 de março. — Veja DIA.
Freqüência da Sua Celebração. Segundo Lucas e Paulo, ao instituir a Comemoração da sua morte, Jesus disse: “Persisti em fazer isso em memória de mim.” (Lu 22:19; 1Co 11:24) Com base nisto, é razoável entendermos que Jesus quis dizer que seus seguidores deviam celebrar anualmente a Refeição Noturna do Senhor, e não com mais freqüência. A Páscoa, celebrada em lembrança da libertação de Israel da escravidão egípcia, efetuada por Jeová em 1513 AEC, só era comemorada uma vez por ano, no seu aniversário, em 14 de nisã. A Comemoração da morte de Cristo, também um aniversário, seria apropriadamente realizada somente em 14 de nisã.
Paulo citou Jesus como dizendo concernente ao copo: “Persisti em fazer isso, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim”, e acrescentou: “Pois, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este copo, estais proclamando a morte do Senhor, até que ele chegue.” (1Co 11:25, 26) “Todas as vezes” pode referir-se a algo feito apenas uma vez por ano, especialmente quando é feito no decorrer de muitos anos. (He 9:25, 26) O dia 14 de nisã foi o dia em que Cristo ofereceu seu corpo literal como sacrifício na estaca de tortura, e derramou seu sangue vital para o perdão de pecados. Portanto, esse era o dia da “morte do Senhor”, e, por conseguinte, era a data para dali em diante se comemorar a morte dele.
Os participantes desta refeição estariam “ausentes do Senhor” e celebrariam a Refeição Noturna do Senhor ‘muitas vezes’ antes de morrerem fiéis. Daí, após a ressurreição deles para a vida celestial, estariam junto com Cristo e não mais precisariam de algo que os fizesse lembrar-se dele. A respeito da continuidade desta observância, “até que ele chegue”, o apóstolo Paulo evidentemente se referia a Cristo vir de novo e os acolher no céu por meio duma ressurreição, no tempo de sua presença. Este entendimento da questão é elucidado pelas palavras de Jesus aos 11 apóstolos, mais tarde naquela mesma noite: “Se eu for embora e vos preparar um lugar, virei novamente e vos acolherei a mim, para que, onde eu estiver, vós também estejais.” — Jo 14:3, 4; compare isso com 2Co 5:1-3, 6-9.
Jesus informou aos discípulos que o vinho que havia bebido (nesta Páscoa que antecedeu à Comemoração) tinha sido o último do produto da videira que ele beberia “até o dia em que o beberei novo, convosco, no reino de meu Pai”. (Mt 26:29) Visto que ele não beberia vinho literal no céu, referia-se obviamente àquilo que o vinho por vezes simbolizava nas Escrituras, a saber, a alegria. Estarem juntos no Reino era o que eles aguardavam com a máxima expectativa. (Ro 8:23; 2Co 5:2) O Rei Davi escreveu, em cântico, sobre Jeová suprir “vinho que alegra o coração do homem mortal”, e seu filho Salomão disse: “O próprio vinho alegra a vida.” — Sal 104:15; Ec 10:19.
Os Emblemas. Marcos relata o seguinte quanto ao pão usado por Jesus ao instituir a Refeição Noturna do Senhor: “Enquanto continuavam a comer, tomou um pão, proferiu uma bênção, partiu-o e o deu a eles, e disse: ‘Tomai-o, isto significa meu corpo.’” (Mr 14:22) O pão era da espécie disponível para a refeição pascoal, que Jesus e seus discípulos já tinham acabado de celebrar. Era pão sem fermento, uma vez que não se permitia nenhum fermento nas casas dos judeus durante a Páscoa e a conjugada Festividade dos Pães Não Fermentados. (Êx 13:6-10) Na Bíblia, fermento indica pecaminosidade. Era apropriado que o pão estivesse isento de fermento, porque o pão representava o corpo carnal, sem pecados, de Jesus. (He 7:26; 9:14; 1Pe 2:22, 24) O pão não fermentado era achatado e quebradiço; assim, foi partido, como era costumeiro nas refeições daqueles dias. (Lu 24:30; At 27:35) Anteriormente, quando Jesus multiplicou de forma miraculosa o pão para milhares de pessoas, ele o partiu para distribuí-lo a tais pessoas. (Mt 14:19; 15:36) Por conseguinte, parece que não havia nenhum significado espiritual no ato de se partir o pão da Comemoração.
Depois de Jesus ter passado o pão, ele tomou um copo e “rendeu graças e o deu a eles, e todos beberam dele. E disse-lhes: ‘Isto significa meu “sangue do pacto”, que há de ser derramado em benefício de muitos.’” (Mr 14:23, 24) Ele utilizou vinho fermentado, não suco não fermentado de uva. As referências bíblicas ao vinho são ao vinho literal, e não ao suco não fermentado de uva. (Veja VINHO E BEBIDA FORTE.) Seria o vinho fermentado, não o suco de uva, que faria rebentar “odres velhos”, como disse Jesus. Os inimigos de Jesus o acusaram de ser “dado a beber vinho”, acusação que nada representaria se o “vinho” aqui fosse mero suco de uva. (Mt 9:17; 11:19) Vinho genuíno estava disponível na celebração da Páscoa que haviam acabado de realizar, e este podia ser usado apropriadamente por Cristo ao instituir a Comemoração da sua morte. Sem dúvida, o vinho era tinto, pois apenas o vinho tinto seria um símbolo apropriado do sangue. — 1Pe 1:19.
Uma Refeição de Participação em Comum. No antigo Israel, um homem podia prover uma refeição de participação em comum. Ele trazia um animal ao santuário, onde este era abatido. Parte do animal oferecido ia para o altar, como “cheiro repousante para Jeová”. Parte ia para o sacerdote oficiante, e outra parte ia para os filhos sacerdotais de Arão, e o ofertante e a casa deste compartilhavam da refeição. (Le 3:1-16; 7:28-36) Alguém que estivesse ‘impuro’, conforme definido na Lei, estava proibido de comer dum sacrifício de participação em comum, sob pena de ser ‘decepado do seu povo’. — Le 7:20, 21.
A Refeição Noturna do Senhor é igualmente uma refeição de participação em comum, visto haver uma participação conjunta. Jeová Deus está envolvido como Autor do arranjo, Jesus Cristo é o sacrifício resgatador, e seus irmãos espirituais comem os emblemas como co-participantes. O comerem à “mesa de Jeová” significa que estão em paz com Jeová. (1Co 10:21) De fato, as ofertas de participação em comum eram, às vezes, chamadas de “ofertas pacíficas”. — Le 3:1 n.
Os participantes da refeição, ao comerem o pão e beberem o vinho, admitem que são co-participantes em Cristo, em completa união. Diz o apóstolo Paulo: “O copo de bênção que abençoamos, não é uma participação no sangue do Cristo? O pão que partimos, não é uma participação no corpo do Cristo? Porque há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois estamos todos participando daquele um só pão.” — 1Co 10:16, 17.
Ao assim participarem, tais pessoas indicam que estão no novo pacto e estão recebendo os benefícios dele, isto é, o perdão de pecados da parte de Deus, mediante o sangue de Cristo. Prezam devidamente o valor do “sangue do pacto” pelo qual são santificados. (He 10:29) As Escrituras os chamam de “ministros dum novo pacto”, servindo aos seus objetivos. (2Co 3:5, 6) E participam de forma apropriada do pão emblemático, pois podem dizer: “Pela dita ‘vontade’ é que temos sido santificados por intermédio da oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez para sempre.” (He 10:10) Participam nos sofrimentos de Cristo e de uma morte semelhante à dele, uma morte de integridade. Esperam compartilhar da “semelhança de sua ressurreição”, uma ressurreição para a vida imortal num corpo espiritual. — Ro 6:3-5.
A respeito de cada participante da refeição, o apóstolo Paulo escreve: “Quem comer o pão ou beber o copo do Senhor indignamente, será culpado com respeito ao corpo e ao sangue do Senhor. Primeiro, aprove-se o homem depois de escrutínio, e deste modo coma do pão e beba do copo. Pois, quem come e bebe, come e bebe julgamento contra si mesmo, se não discernir o corpo.” (1Co 11:27-29) Práticas impuras, antibíblicas ou hipócritas desqualificam a pessoa de comer. Se participasse nestas condições, estaria comendo e bebendo julgamento contra si mesma. Estaria deixando de demonstrar apreço pelo sacrifício de Cristo, seu propósito e seu significado. Estaria revelando desrespeito e desprezo por tal sacrifício. (Veja He 10:28-31.) Tal pessoa correria o perigo de ser ‘decepada do povo de Deus’, como o era quem, em Israel, tomasse parte num sacrifício de participação em comum numa condição impura. — Le 7:20.
Efetivamente, Paulo compara a Refeição Noturna do Senhor a uma refeição israelita de participação em comum, ao falar primeiro de os partícipes gozarem de uma participação comum em Cristo, dizendo então: “Olhai para aquilo que é o Israel de modo carnal: Não são parceiros do altar os que comem dos sacrifícios? . . . Não podeis estar bebendo o copo de Jeová e o copo de demônios; não podeis estar participando da ‘mesa de Jeová’ e da mesa de demônios.” — 1Co 10:18-21.
Os Participantes e Outros Que Comparecem à Refeição. Jesus havia reunido seus 12 apóstolos, dizendo-lhes: “Desejei muito comer esta páscoa convosco antes de eu sofrer.” (Lu 22:15) Mas o relato de João, qual testemunha ocular, indica que Jesus despediu o traidor Judas antes de instituir a refeição da Comemoração. Durante a Páscoa, Jesus, sabendo que seria Judas quem o trairia, mergulhou um bocado da refeição pascoal e o deu a Judas, instruindo-o a sair. (Jo 13:21-30) O relato de Marcos também sugere esta ordem de eventos. (Mr 14:12-25) Na Refeição Noturna do Senhor que se seguiu, Jesus passou o pão e o vinho aos 11 apóstolos remanescentes, dizendo-lhes que comessem e bebessem. (Lu 22:19, 20) Depois disso, conversou com eles como sendo ‘os que ficaram comigo nas minhas provações’, outro indício de que Judas havia sido despedido. — Lu 22:28.
Não há evidência de que o próprio Jesus tenha comido o pão assim oferecido, ou bebido do copo durante esta refeição da Comemoração. O corpo e o sangue que ofereceu eram em benefício deles e para validar o novo pacto, mediante o qual os pecados deles foram removidos. (Je 31:31-34; He 8:10-12; 12:24) Jesus não tinha pecado algum. (He 7:26) Ele mediava o novo pacto entre Jeová Deus e os escolhidos quais associados de Cristo. (He 9:15; veja PACTO.) Além dos apóstolos que estavam presentes àquela refeição, haveria outros que constituiriam o espiritual “Israel de Deus”, um “pequeno rebanho”, que por fim seriam reis e sacerdotes junto com Cristo. (Gál 6:16; Lu 12:32; Re 1:5, 6; 5:9, 10) Portanto, todos os irmãos espirituais de Cristo na terra seriam participantes desta refeição, cada vez que esta fosse celebrada. Indica-se que são “certas primícias das suas criaturas” (Tg 1:18), compradas dentre a humanidade como “primícias para Deus e para o Cordeiro”, e a visão concedida a João revela que somam 144.000. — Re 14:1-5.
Observadores não participantes. O Senhor Jesus Cristo revelou que durante sua presença haveria pessoas que fariam o bem a seus irmãos espirituais, visitando-os em épocas de necessidade e prestando-lhes ajuda. (Mt 25:31-46) Será que estas pessoas, que poderiam comparecer à celebração da Refeição Noturna do Senhor, se habilitariam quais participantes dos emblemas? As Escrituras dizem que Deus, mediante seu espírito santo, fornece evidência e certeza aos habilitados a participar dos emblemas, quais “herdeiros de Deus, mas co-herdeiros de Cristo”, de que eles são filhos de Deus. O apóstolo Paulo escreve: “O próprio espírito dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus.” Ele prossegue explicando que há outros que tiram proveito do arranjo feito por Deus para esses filhos: “Pois a expectativa ansiosa da criação está esperando a revelação dos filhos de Deus.” (Ro 8:14-21) Visto que os co-herdeiros de Cristo hão de ‘reinar como reis e sacerdotes sobre a terra’, o Reino beneficiará os que viverem sob ele. (Re 5:10; 20:4, 6; 21:3, 4) Os beneficiados estariam naturalmente interessados no Reino e em seu desenvolvimento. Por conseguinte, tais pessoas compareceriam à celebração da Refeição Noturna do Senhor, e a comemorariam, mas, não sendo co-herdeiros de Cristo, nem filhos espirituais de Deus, não participariam dos emblemas como co-participantes da morte de Cristo, que têm a esperança de ressurreição para uma vida celestial junto com ele. — Ro 6:3-5.
Nenhuma Transubstanciação, nem Consubstanciação. Ao oferecer o pão, Jesus ainda possuía seu corpo carnal. Este corpo, no todo e por inteiro, seria oferecido como sacrifício perfeito, imaculado, pelos pecados na tarde seguinte (do mesmo dia do calendário hebraico, 14 de nisã). Também, Jesus reteve todo o seu sangue para aquele sacrifício perfeito. “Esvaziou a sua alma [que está no sangue] até a própria morte.” (Is 53:12; Le 17:11) Por conseguinte, durante a refeição noturna ele não realizou um milagre de transubstanciação, transformando o pão em sua carne literal, e o vinho em seu sangue literal. Por estas mesmas razões, não se pode dizer veridicamente que ele tenha feito, de forma miraculosa, que sua carne e seu sangue estivessem presentes no pão e no vinho, ou que se combinassem com estes, conforme pretendido pelos que aderem à doutrina da consubstanciação.
As palavras de Jesus em João 6:51-57 não contradizem isso. Ali, Jesus não estava considerando a Refeição Noturna do Senhor; tal arranjo só foi instituído um ano mais tarde. O ‘comer’ e o ‘beber’ mencionados neste relato se dão em sentido figurativo por se exercer fé em Jesus Cristo, como indicam os versículos 35 e 40 .
Ademais, comer carne humana e beber sangue humano reais seria canibalismo. Portanto, os judeus que não exerciam fé e que não entenderam corretamente a declaração de Jesus quanto a comer de sua carne e beber de seu sangue ficaram chocados. Indicou-se assim o conceito judaico sobre comer carne humana e beber sangue humano, conforme inculcado pela Lei. — Jo 6:60.
Além disso, beber sangue era violação da lei que Deus deu a Noé, antes do pacto da Lei. (Gên 9:4; Le 17:10) O Senhor Jesus Cristo jamais instruiria outros a violar a lei de Deus. (Veja Mt 5:19.) Ademais, Jesus ordenou: “Persisti em fazer isso, . . .em memória de mim”, e não em sacrifício de mim. — 1Co 11:23-25.
O pão e o vinho, por conseguinte, são emblemas que representam a carne e o sangue de Cristo, do mesmo modo que suas palavras sobre comer a sua carne e beber o seu sangue. Jesus dissera aos que ficaram ofendidos com suas palavras: “De fato, o pão que eu hei de dar é a minha carne a favor da vida do mundo.” (Jo 6:51) Esta foi dada por ocasião de sua morte como sacrifício na estaca de tortura. Seu corpo foi sepultado e seu Pai lhe deu uma destinação final, antes que pudesse ver a corrupção. (At 2:31) Literalmente, ninguém jamais comeu alguma parte de sua carne, nem bebeu seu sangue.
Celebração Correta e Ordeira. A congregação cristã em Corinto se tinha degenerado numa condição espiritualmente ruim, em alguns sentidos, de modo que, como disse o apóstolo Paulo: “Muitos entre vós estão fracos e doentios, e não poucos estão dormindo na morte.” Isto se devia, em grande parte, ao seu entendimento errôneo da Refeição Noturna do Senhor e seu significado. Estavam deixando de respeitar a santidade da ocasião. Alguns levavam consigo a ceia para comer antes ou durante a reunião. Entre estes havia pessoas que passavam dos limites e ficavam embriagadas, ao passo que outros da congregação, que não tinham ceia, ficavam famintos e se sentiam envergonhados na presença daqueles que tinham muito. Com a mente sonolenta ou concentrada em outros assuntos, eles não estavam em condições de participar dos emblemas com apreço. Ademais, havia divisões na congregação, pois alguns no seu meio eram a favor de Pedro, ao passo que outros preferiam Apolo, e ainda outros buscavam a liderança de Paulo. (1Co 1:11-13; 11:18) Estavam deixando de reconhecer que esta ocasião devia ressaltar a união. Não se davam plenamente conta da seriedade do assunto, que os emblemas representavam o corpo e o sangue do Senhor, e que a refeição era uma recordação da morte dele. Paulo sublinhou o grave perigo em que incorriam aqueles que participavam dos emblemas sem discernir estes fatos. — 1Co 11:20-34.