Quando Deus disse: “Vou obliterar da superfície do solo os homens que criei, . . . porque deveras deploro tê-los feito”, o que quis dizer com isso? (Gên. 6:7) Deplorava ele que havia criado o homem em primeiro lugar, e que tudo era um terrível engano? De modo algum! Se tivesse pensado isso, teria obliterado toda a humanidade. Sua deploração se aplicava apenas à geração iníqua antes do Dilúvio, pois lemos logo depois: “Mas Noé achou favor aos olhos de Jeová.” — Gên. 6:8.
É evidente que a idéia é que Jeová Deus mudara de atitude mental: Mudara da atitude de Formador ou Criador dos homens para a de destruidor deles, por causa do seu forte desagrado. Para ilustrar isso: Certo pai talvez dê ao seu filho um automóvel, mas se o filho o usar mal, entrar em dificuldades por causa da velocidade e assim por diante, o pai talvez deplore isso e tire o automóvel do filho. Mudou de idéia, mas não necessariamente cometera um engano. O filho é quem cometeu o engano e fez o que era errado. O filho poderia ter mostrado apreço e assim dado alegria ao pai por usar o automóvel de modo sábio.
E o mesmo se dá com a humanidade. Se Adão e Eva tivessem adotado o proceder sábio, o coração de Jeová se teria alegrado. Mas, visto que adotaram um proceder iníquo, Deus não tinha prazer neles; deplorava isso e se via obrigado a tirar-lhes a vida. O mesmo se dava também com a geração iníqua que vivia no tempo do Dilúvio. Deus mudou de atitude para com eles. De fato, era absolutamente imperativo que fizesse isso, por causa do que acontecera. Sentia lástima de que envolvesse uma grande destruição de vida, contudo, se via obrigado a agir para manter as suas normas.
Esta deploração da parte de Jeová Deus age em dois sentidos, conforme mostra a Bíblia. Se as suas criaturas falham no propósito que tem para com elas, ele o deplora e elas incorrem na sua ira. Mas quando Jeová se propõe punir algumas de suas criaturas por causa de seu proceder errado e elas deveras o lamentam, se arrependem de seus pecados e ainda não atingiram o ponto sem retorno, então Jeová mudará de atitude mental para com elas e lhes mostrará misericórdia; sentirá lástima. Portanto, em vez de causar aflição ou mais aflição a elas, dar-lhes-á alívio.
Jeová Deus fez isto com os israelitas durante o tempo dos seus juízes: “Jeová deplorava seu gemido por causa dos seus opressores.” (Juí. 2:18) O mesmo aconteceu também no caso do povo de Nínive. Jeová decretara a destruição deles por causa de sua grande iniqüidade. Mas quando se arrependeram sinceramente em vista da pregação de Jonas, Jeová o “deplorou”, mudou de idéia ou atitude mental para com eles, por causa da “calamidade de que falara que lhes ia causar; e ele não a causou”. — Jon. 3:8-10.
Em vista do precedente, como devemos compreender as expressões encontradas nas Escrituras no sentido de que Jeová Deus tem lástima ou deplora algo? — Núm. 23:19; 1 Sam. 15:29; Sal. 110:4.
Elas devem ser compreendidas como se aplicando a certos casos específicos em consideração. Por exemplo, fez-se que Balaão profetizasse que Jeová não ia mudar de idéia, nem ter lástima com respeito à prosperidade que propôs para a nação de Israel, apesar de todos os esforços do Rei Balaque de fazer Balaão amaldiçoar Israel. (Núm. 23:19) Quando o Rei Saul se mostrou infiel, o profeta de Deus lhe disse que Jeová “não terá lástima” ou mudará de idéia quanto a rejeitá-lo. (1 Sam. 15:29) E Jeová Deus jurou no sentido de que não o deploraria nem mudaria de propósito de fazer seu Filho um sacerdote por tempo indefinido, à maneira de Melquisedeque. — Sal. 110:4.
Hoje em dia, como no tempo de Noé, Jeová Deus decretou novamente a destruição dum sistema de coisas. Em vista da grande iniqüidade deste, ele não terá lástima, nem mudará de atitude mental. É o privilégio de todos os seus ministros cristãos dedicados dar o aviso aos amantes da justiça para que se separem deste sistema iníquo de coisas antes de ser tarde demais, recebendo assim a misericórdia de Jeová Deus, assim como no caso de Noé e de sua família. — Sof. 2:3.
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