domingo, 7 de fevereiro de 2010

De que modo ‘se juntam brasas sobre a cabeça duma pessoa’ por se ser bondoso com alguém que nos odeia, conforme é declarado em Provérbios 25:21, 22.


Provérbios 25:21, 22 reza: “Se aquele que te odeia tiver fome, dá-lhe pão para comer; e se ele tiver sede, dá-lhe água para beber. Porque juntarás brasas [“brasas ardentes”, CBC] sobre a sua cabeça, e o próprio Jeová te compensará.”
Este conselho de fazermos o bem aos nossos inimigos encontra muitos paralelos nas Escrituras. Neste sentido, a lei de Moisés exigia o seguinte: “Se encontrares o touro do teu inimigo ou seu jumento andando perdido, sem falta lhe deves restituir. Se vires o jumento de alguém que te odeia deitado sob a sua carga, então tens de refrear-te de abandoná-lo. Sem falta deves conseguir soltá-lo junto com ele.” — Êxo. 23:4, 5.
Jesus Cristo admoesta-nos no mesmo sentido: “Continuai a amar os vossos inimigos e a orar pelos: que vos perseguem, para que mostreis ser filhos de vosso Pai que está nos céus.” No mesmo sentido escreveu o apóstolo Paulo: “Persisti em abençoar os que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis.” — Mat. 5:44, 45; Rom. 12:14.
Mas não parecem as palavras de Provérbios 25:22: “juntarás brasas sobre a sua cabeça”, contradizer o espírito expresso no versículo 21? Não, não devemos concluir isto, pois estas palavras não só foram escritas por um homem sábio, mas ele também as escreveu sob o poder da inspiração divina, com a ajuda e a orientação do espírito santo de Jeová. Por isso devem ter sentido.
É provável que a metáfora ou a expressão figurada usada ali se derive dos métodos de se fundirem metais nos tempos antigos. No forno não havia apenas uma camada de brasas acesas sobre as quais se colocava o minério, mas por cima do minério se colocava também uma camada de brasas acesas. Colocarem-se brasas por cima do minério ajudava a amolecê-lo e assim a separar o metal da escória. Portanto, quando se faz um ato bondoso a um inimigo em necessidade, quando é mais provável que o reconheça como tal, pode-se esperar amolecer o inimigo, fazendo-o sentir-se arrependido e envergonhado, e pode ser até mesmo que evidencie as boas qualidades dele.
Que amontoaram-se assim brasas sobre a cabeça dum inimigo não se destinava a ter mau efeito, mas antes um bom, é evidente daquilo que o apóstolo Paulo diz logo depois de citar este provérbio. Suas palavras seguintes são: “Não te deixes vencer pelo mal, porém, persiste em vencer o mal com o bem.” — Rom. 12:20, 21.
Mas, suponhamos que estas brasas figuradas não amoleçam o coração do inimigo; que se faz então? Então se tem o consolo e a satisfação das palavras concludentes de Provérbios 25:22: “E o próprio Jeová te compensará.” Esta promessa, em si mesma, mostra que as “brasas ardentes” não se destinam a prejudicar o inimigo, nem indicam que a pessoa exultaria com o mal-estar do inimigo. Se fizermos o que é nobre e direito, então quer os outros apreciem isto, quer não, e quer tiremos proveito pessoal disso, quer não, direta ou imediatamente, podemos ter a certeza de que Jeová Deus observa isso e nos recompensará no seu tempo devido. E não é a Ele que servimos e que tentamos agradar?

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