domingo, 7 de fevereiro de 2010

"Enquanto ainda não havia espírito" - O que queria dizer Jesus com essas palavras em João 7:39?




Essencialmente, quer dizer que nenhum dos discípulos de Cristo havia ainda sido ungido com espírito santo ou chamado à vida celestial.
Cerca de meio ano antes de sua morte, Jesus disse: “Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem depositar fé em mim, assim como disse a Escritura: ‘Do seu mais íntimo manarão correntes de água viva.’” A narrativa inspirada passa então a dizer: “No entanto, ele disse isso com respeito ao espírito que os que depositavam sua fé nele estavam para receber; pois, por enquanto ainda não havia espírito, porque Jesus ainda não havia sido glorificado.” — João 7:37-39.
É evidente que Jesus não queria dizer que a força ativa ou espírito santo de Deus não existisse até então, na ocasião da festividade dos tabernáculos em 32 E. C. Ele e seus ouvintes sabiam que Deus usava já por muito tempo o seu espírito santo. (Gen. 1:2; 2 Sam. 23:2; Atos 28:25) O espírito de Deus descansara sobre os servos fiéis, tais como Otniel, Jefté e Sansão. (Juí. 3:9, 10; 11:29; 15:14) Mas, havia um modo em que o espírito ainda não fora usado com relação aos homens imperfeitos. Nenhum daqueles servos fiéis fora, por meio do espírito, chamado à vida celestial.
Durante a festividade dos tabernáculos, um sacerdote judaico costumava descer ao reservatório de água de Siloé, em Jerusalém, e levar água num vaso de ouro ao templo. É provável que Jesus se referiu a esta prática quando disse que alguma coisa mais refrescante e importante havia de vir. E aquela futura “água viva” estaria de algum modo ligada com o recebimento do espírito de Deus pelos discípulos.
Na noite antes de Jesus morrer, ele disse aos seus discípulos que lhes enviaria o espírito santo da verdade, que os faria lembrar-se de todas as coisas que lhes havia dito. (João 14:16, 17, 26) Significa isso que então não tinham nada do espírito? Não, pois, por meio do espírito, puderam realizar curas milagrosas ligadas com a sua pregação. (Mat. 10:5-8) E por causa deste espírito compreendiam muitas das coisas espirituais que Jesus ensinava. Mas, visto que não haviam ainda recebido a unção com o espírito, de que Jesus falou em João 7:39, uma parte inteira do seu ensino estava ainda além do alcance deles. Por exemplo, não discerniam que Cristo seria levantado dentre os mortos para a vida espiritual, no terceiro dia, nem que o seu reino seria no céu. (João 20:9; Atos 1:6) Isto é compreensível, pois a idéia de homens se tornarem criaturas espirituais e viverem no céu lhes era alheia. Quando eles mesmos foram ungidos com espírito e receberam a esperança celestial, puderam compreender o significado daquilo que Cristo havia dito sobre tais coisas.
Mesmo quando Jesus apareceu aos seus apóstolos após a sua ressurreição “não havia espírito” no sentido de João 7:39. O ressuscitado Cristo lhes prometeu: “Ao chegar sobre vós o espírito santo, recebereis poder e sereis testemunhas de mim.” (Atos 1:8) Já haviam sido testemunhas de Jesus como sendo o Messias, mas não haviam dado testemunho sobre ele reger no céu como criatura espiritual, junto com companheiros espirituais que antes haviam sido humanos.
Por fim, em Pentecostes de 33 E. C., Jesus derramou sobre os seus seguidores o espírito santo que ele, como espírito glorificado, recebera de Jeová. (Atos 2:4, 33) Esta foi a primeira vez que se deu a humanos imperfeitos a esperança de vida espiritual no céu. Com esta unção, os cristãos puderam compreender o significado das muitas coisas que Jesus lhes dissera. Tinham também uma obra a fazer.
Tais cristãos ungidos haviam de ser “testemunhas” de Jesus em sentido novo. Tinham então o ‘espírito santo, que era penhor antecipado da sua herança’ no céu. (Efé. 1:13, 14) Com a sua pregação a respeito do reino celestial, ‘manavam do seu mais íntimo correntes de água viva’, pois as águas vitalizadoras da verdade que divulgavam podiam conduzir à vida eterna. E a garantia disso não estava longe; a vocação à vida celestial estava disponível mesmo então. Naquele mesmo dia, três mil almas se aproveitaram desta “água viva”, foram batizadas e receberam “a dádiva gratuita do espírito santo”. — Atos 2:38-42.
E Jeová tem continuado a usar tais cristãos ungidos. Por meio deles proveu entendimento dos seus propósitos, inclusive da perspectiva de que homens desta geração, exercendo fé em Cristo, sobrevivam ao fim deste sistema iníquo e vivam para sempre numa terra paradísica. Quão verazes foram as palavras de Jesus em João 7:38, 39 a respeito da unção com espírito santo e a “água viva” que mana por meio dos cristãos chamados à vida no céu!

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