Alguns, ao responderem a esta pergunta, talvez salientem que os termos “céus” e “terra” nem sempre se aplicam aos céus e terra literais. Por exemplo, no Salmo 96:1, a “terra” é exortada a cantar um “novo cântico”. É evidente que neste caso se fala de pessoas da terra. A Bíblia fala também a respeito de “forças espirituais iníquas nos lugares celestiais”. (Efé. 6:12) Isto sugere que tais forças espirituais iníquas constituem um ‘céu’ sobre a sociedade humana iníqua. De tato, o Diabo é chamado de “deus deste sistema de coisas”. (2 Cor. 4:4) Nesta base, alguns talvez cheguem à conclusão de que os céus e a terra mencionados no Salmo 102:25, 26 (citado em Hebreus 1:10, 11) se refiram aos céus iníquos compostos por satanás e seus demônios, que controlam a terra constituída da humanidade alienada de Deus. Mas, admite a própria passagem tal aplicação?
O Salmo 102:25, 26 reza: “Há muito [tu, Deus,] lançaste os alicerces da própria terra e os céus são o trabalho das tuas mãos. Eles é que perecerão, mas tu mesmo continuarás de pé; e todos eles se gastarão como a roupa. Tu os substituirás assim como a uma vestimenta e eles terminarão a sua vez.” Isto suscita a pergunta: Como é que Deus poderia ser o Criador de céus iníquos e de uma terra iníqua?
Pois bem, poderia argumentar-se que Deus criou as criaturas espirituais que se rebelaram e que finalmente se tornaram céus iníquos sobre a humanidade, e que Deus criou Adão e Eva, dos quais descenderam todas as pessoas alienadas de Deus. Entretanto, deve-se observar que nem a própria passagem, nem o contexto em que ocorre induzem prontamente a tal conclusão. Depois, também, não há nenhum outro texto que diga que Jeová lançou os alicerces duma sociedade humana iníqua ou que ele criou céus iníquos. Portanto, é razoável que devemos procurar uma explicação que se ajuste de modo mais natural e lógico ao contexto.
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Em Hebreus 1:10, 11, as palavras do Salmo 102:25, 26 são aplicadas a Jesus Cristo. Dele também se pode dizer que ‘lançou os alicerces da terra’ e produziu os céus como ‘obras das suas mãos’, porque o Filho unigênito de Deus foi o Agente pessoal de Deus usado na criação do universo físico. (João 1:1, 2; Col. 1:15, 16) Ao salientar a grandiosidade do Filho de Deus, que agora usufrui a incorrutibilidade, uma “vida indestrutível” (Heb. 7:15, 16), o escritor da carta aos hebreus contrasta a permanência do Filho com a da criação física, a qual Deus, se quisesse, poderia enrolar assim como a uma capa’ e por de lado. — Heb. 1:12.
Concordemente, atribui maior permanência a Jeová Deus (Sal. 102:25, 26) e ao seu glorificado Filho Jesus Cristo (Heb. 1:10, 11) do que à criação física, que é corrutível e poderia perecer. Outros textos também apóiam tal conclusão. Por exemplo, em Lucas 21:33, Jesus disse que “céu e terra passarão, mas as minhas palavras de modo algum passarão”. Jesus contrastou aqui a estabilidade e eterna veracidade das suas palavras com a natureza perecível dos físicos céus e terra. Não é que seja do propósito de Deus destruí-los, mas é que são destrutíveis. Portanto, o sentido desta expressão parece ser igual ao de Mateus 5:18: “Deveras, eu vos digo que antes passariam o céu e a terra, [ou: “mais fácil é passarem céu e terra”, Lucas 16:17,] do que passaria uma só letra menor ou uma só partícula duma letra da Lei sem que tudo se cumprisse.”
Visto que Jeová Deus e seu Filho possuem maior permanência do que os físicos céus e terra, isto nos dá plena garantia de que Jesus estará sempre vivo para suplicar a favor dos atribulados e de que Deus estará sempre vivo para ouvir e atender tais súplicas. (Veja Hebreus 7:25.) Este conhecimento nos deve animar a confiar completamente em toda promessa de Deus, com a plena certeza de que se cumprirá, não importa o que possa parecer interpor-se no caminho.
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